Vamos descer do salto e calçar os sapatos da humildade
A catástrofe esportiva de 8 de Julho de 2014 foi o símbolo do que falta para o Brasil se tornar gente grande.
Sempre tivemos recursos, talento, otimismo, mas continuamos a patinar no desperdício, amadorismo e incompetência.
Tolerância, uma das maiores qualidades de nossa sociedade, tem o lado escuro de aceitarmos resignadamente a corrupção, o custo Brasil, nossa saúde doente, e continuarmos a acreditar no proverbial jeitinho que se mostrou inepto no fracasso do jogo contra a Alemanha e na solução de perenes problemas.
A mesma Alemanha que nos destroçou sofreu uma hecatombe moral e física 70 anos atrás. Hoje é um pais democrático, e financeiramente o mais poderoso da Europa que ela deixou em ruinas em 1945. O preço desta transformação foram milhões de mortos, o reconhecimento de sua responsabilidade como nação e a capacidade de dar a volta por cima…
Nossa derrota foi simbólica, embora traumática e dolorosa.
Precisamos agora de vozes que expressem sem meias palavras o significado maior do que ocorreu em 08 de julho de 2014. Não precisamos de autoritarismos, quebra-quebras, ou abrir nova temporada de caça a bodes expiatórios.
Precisamos crescer para realizar o destino do País do Futuro que Stefan Sweig descreveu com esperança, em lugar de galhofas autoflagelantes sobre nossa infantilidade coletiva.
Subdesenvolvimento é um estado de espirito.
Perfeito, Daniel.
Assim como a Alemanha, o Japão também reconstruiu o País depois da grande Segunda Guerra e se tornou o que é hoje.
“Subdesenvolvimento é um estado de espírito”.
Perfeito.
Caro Daniel: com poucas palavras você desenhou a “cara” do nosso país.
Estou torço há muitas décadas pela melhora e a consciência intelectual destinada ao crescimento dessa grande nação de riquezas mil, como o meu falecido pai, um entusiasta do poder econômico brasileiro, também assim pensou. Contudo, o tanque de combustível do meu otimismo está na reserva. Não encontro, em lugar nenhum, independente da instituição, ponto de abastecimento. Meu pessimismo me corrói. E lamento que as elites influentes e pensantes continuam mudas e vivendo fora do Brasil. Meu estado de espírito está em frangalhos.
Concordo, Marcio.
Faltam atores políticos para protagonizarem as mudanças que o País precisa.
Estamos estacionados há muito tempo nas armadilhas fiscais que emperram o crescimento.
Alta carga tributária, uma das maiores do mundo, deveria significar uma intermitente revolução nas estruturas econômico-sociais do País.
Mas não é isso que assistimos, infelizmente.
É clichê, mas é isso. Precisamos de reformas estruturais sérias, como a política, a fiscal e tantas outras.
Sem investimento não há crescimento.