Um Mundo Sem Graça Nenhuma
Essa nova onda do “politicamente correto” é um saco. Um porre, mas sem direito a gargalhadas. Beba, mas não ria de nada. Não conte piadas. Apenas beba e calado.
A brincadeira acabou. Vamos todos subir. Chega de playground. E cuidado para não pedir para o seu amigo baixinho apertar o último botão do elevador. Vai querer encarar um processo?
Os programas de humor estão com os seus dias contados. Chico Anysio resolveu ir embora de tanto desgosto. Jô Soares deu uma cambaleada.
Tiririca largou o circo e virou político. Lá no Congresso a piada é liberada. Ou o Congresso é uma piada? Sei lá, enfim.
O circo de building virou um bullying.
Agora viramos fiscais da vida de toda a gente. Olha aí! Cuidado! Vai ser processado.
Que mundo mais careta. Uma chatice. Todos os dias são nublados.
Porra, eu adoro os Simpsons. Gosto da acidez inteligente do humor. E gosto do humor pastelão também. Apenas dispenso o humor que ridiculariza o ser humano. Esse, nem humor é para mim.
Um dia desses o Didi Mocó, vulgo Renato Aragão, foi sabatinado, depois de tantos anos, porque supostamente praticava a homofobia em relação ao Zacarias e o racismo com as piadas envolvendo o Mussum. Um patrulhamento do passado.
Imaginem se aquele desenho animado americano, South Park, que não alivia nem Jesus Cristo, fosse produzido aqui em terras tupiniquins. Os advogados ficariam ricos.
E só resolvi tratar desse assunto porque ouvi dizer por aí que os professores de cursinho não devem se valer de piadas para auxiliar no aprendizado de conteúdos mais complexos. Sério. Vejam ao ponto que chegamos.
Quando estiver entediado e querendo dar umas boas risadas vou correndo para os EUA.
Como dizia o meu amigo Fernando Pessoa: “O essencial é saber ver.”. O Humor é uma arte que só nos faz bem. Rir é saúde.
Hoje em dia, bancar o Pernalonga e dizer “o que que há, velhinho?” atrai o Estatuto do Idoso como um estilingue usado às avessas. Vem na sua cara uma chicotada!
Incrível a sua capacidade de defender o humor com a celebração da comédia, Márcio! Quebrei meu silêncio com o computador quando soltei uma senhora – desculpem! Quis dizer sonora! – uma sonora gargalhada , festejando o “Didi Mocó, vulgo Renato Aragão”!
Muito bom!!!
Obrigado, D. Menezes. Você é sempre um grande incentivador dos meus modestos pensamentos. A propósito, você conhece a piada do “não nem eu”? Também tem a da formiguinha. Do patinho bonito. Tem a do Bú. Uma mais engraçada do que a outra. E a da Dilma? (não é a nossa PresidentA, hein!) Ó, lá.
Não lembro de nenhuma delas! Precisamos de um sistema audiovisual urgente para o Caw Diálogos! Aí, a gente vai se divertir de vez! Mas, por favor, descreva com a sua conhecida maestria as nuanças risonhas de todas essas piadas! Inclusive a da Dilma, a não presidenciável!
Ou, se quiser, podemos marcar um cawfé para matar a paw a abstinência de anedotas e pilhérias! Que taw?
Cawro. D. Menezes. Irei caw o maior prazer.
D. Menezes: a piada do não nem eu, não posso contar, porque se você não sabe, nem eu. Viu como aqui nada mais tem graça.
Como não tem graça?! Rsrsrsrsrs
Tem a piada da despedida do padre, que me atrevo a contar.
No jantar de despedida pelos 25 anos de trabalho ininterrupto à frente da paróquia de pequena cidade, o padre discursa, com emoção e lágrimas transbordantes:
– Quando aqui cheguei e ouvi a primeira confissão de um paroquiano, fiquei com uma péssima impressão desta comunidade.
Há um burburinho entre os participantes do almoço, mas o padre, habituado à fofoca e outros deslizes dos fiéis, continua:
– Essa pessoa confessou ter roubado um aparelho de TV, dinheiro dos pais, a empresa onde trabalhava, além de ter aventuras amorosas com a esposa do chefe. Ele também se dedicava ao tráfico de drogas! Com o passar do tempo, entretanto, conheci paroquianos maravilhosos, responsáveis, com valores morais, comprometidos com sua fé. E foi desta maneira que tenho vivido os 25 anos mais maravilhosos de meu sacerdócio…
Nesse momento, a porta do salão é aberta com estrondo, dando passagem ao prefeito, que entra ofegante. Interrompendo as palavras sacerdotais, ele entrega o presente da comunidade em agradecimento à dedicação do pároco, pede desculpas pelo atraso e emenda com o discurso oficial:
– Nunca vou me esquecer do dia em que o padre chegou a nossa paróquia. Como poderia? Eu tive a honra de ser o primeiro a me confessar com ele!
Com um rápido gole d’água, sorvido até pelo nariz, o padre se livra do rubor que lhe veio à face, chama a razão de volta numa rápida oração, retoma a palavra alteando a voz e diz:
– A Igreja nos ensina a sempre esquecer a primeira confissão que ouvimos.
Um jovenzinho, que havia sido batizado pelo padre e sabia reconhecer as situações embaraçosas que o deixavam de bata justa, pergunta para o santo homem como se usasse um megafone:
– E como o senhor confirma se esqueceu mesmo?!
O pimentão vermelho em que o padre se transformou soltou uma resposta:
– Depois de 25 anos de trabalho tão intenso a gente esquece mesmo! E embaralha quem foi o primeiro, o segundo…
E recompondo-se, antes que surgisse quem dissesse que foi o segundo a ser ouvido no confessionário, encerra a questão:
– É o mistério da fé, minha criança! Quando vocês vão entender isso, gente ignorante! ‘Tô indo embora! Não aguento mais, meu Deus!
Vocês estão falando demais e vão ser processados por isso. O Poder Judiciário vai me processar (sic) por estar usando uma ideia esdrúxula de um processo esquizofrênico. Ih! a comunidade de esquizofrenia vai me processar por usar a palavra esquizofrênico. Melhor pararmos de conversar. Como diz alguém, a única maneira, hoje, de não corrermos risco, é conversarmos pelados dentro do mar. Que issoooo!
Não me queira mal, Fernando, mas no mar não vou pelado, não! Me encabulo só de pensar!
Ufa, DM.
É, de fato, uma grande esquizofrenia. Um estado de melancolia total. Saudade das rodas de piadas.
Com todo respeito, não quero ressucitar a questão, mas esquizofrenia mesmo é conversar pelado dentro do mar… Que issoooo!
D. Menezes: que tal um artigo sobre a natureza jurídica do naturalismo, com uma foto do Adão e Eva? Sem folha de parreira.
Que tal se esse artigo falasse sobre a natureza jurídica da folha de Adão?
Márcio, Márcio! Você sabe que sou movido a desafios…
Caro D. Menezes: eu jamais ousaria desafiá-lo. Vamos continuar em terra firme.
Se um dia você se deparar com dois caras pelados, conversando no mar, pode acreditar que esses dois caras estão na infração. Só muito sigilo justifica esse encontro. Assuntos sigilosos correm risco se forem conversados por pessoas vestidas. Um pode gravar a conversa. Não há mais privacidade. Nós estamos sendo monitorados. Nossos telefones estão grampeados. Nossos inimigos têm minúsculas câmeras escondidas nos botões. O mar só não mais será um lugar seguro quando os satélites estiverem mais poderosos.
Fernando: você pode ter certeza de que pelado não estarei. Penso numa sunga. Mas se o assunto for de segurança nacional, posso até ir para dentro do mar de terno. E vejo que você é um sujeito que acredita nas conspirações. O mundo é uma grande conspiração.
Essa é fácil, Fernando. Flora. Adão e Eva não conheciam as frutas. Temiam que pudessem envenená-los. Utilizavam apenas suas folhas para esconder as partes íntimas. Eles dois não concordavam com os outros naturalistas do paraíso. E Adão era por demais uma pessoa envergonhada. Eva era mais danadinha. E foi ela que estragou tudo com a maça. Agora precisamos andar de terno e gravata. Culpa desses dois curiosos.
DM, as feministas vão te processar.
Que ameaça é essa?! Entrei de gaiato nesses comentários! Então, a sociedade brasileira há de processar o Márcio, enquanto você vai se ver com Netuno, suas sereias e toda a fauna e flora marinha por atentado ao pudor!
Kkkkkkkkk
Que bom! Estou rindo muito. Só que nesse mar eu não entro com vocês.
Muito bom, Márcio.
Diante dos fatos, incontestáveis, acho que pedirei socorro ao Chapolin Colorado, só ele poderá me defender, RsRss.
Penso que sempre há um lado bom, que precisamos descobrir e redescobrir diariamente.
Quero surpreender, ser surpreendida e manter o coração aberto para perceber que o mundo, talvez, não seja tão sem graça quanto possa parecer!!
Por mais que o dia esteja ruim, sempre haverá motivos para uma boa gargalhada.
Abs.
Mirian, que surpresa agradável você por aqui.
As boas gargalhadas, hoje, podem representar um estado de doença mental. E cuidado com o Chapolin. Ele se especializou em debochar dos super heróis americanos.
Fernando, é bom estar por aqui!!
Na verdade, sempre leio os artigos, são todos excelentes, Caw Diálogos chegou para ficar.
Abs.
Então concluo que sou uma “saudável doente mental” e posso afirmar que essa doença pega, o mais interessante é que os contagiados não procuram ajuda médica.
A sensação é: quanto mais doente, melhor!
Um vírus que deveria contaminar todos os mau humorados do mundo. Os chatos de plantão. Os que eliminaram a molecagem infantil.
Com certeza, o mau humor é uma doença terrível. Precisamos nos proteger dos chatos de plantão.
Abro uma exceção para às segundas-feiras até 11h16m, (Fernando sabe do que estou falando, rsrsr).
Eu e você, Mirian, sofremos da síndrome da pororoca segundaferiana.
Caro D. Menezes: sensacional! estou passando mal de tanto rir. E nunca tinha ouvido essa piada.
Vou falar bem rápido, Fernando, para não me fixar no detalhe da imagem: éfolhadeparreira!
Natureza jurídica? Bemacessório! Mais? Tapagemdefrutopendente! Deu pra entender?!
E que taw – de nowvo! – secarmos a conversa? Esse mar não ‘tá pra peixe!
Terra muito firme mesmo!!! Já cobri essa história de nudez no mar com a imensa folha de parreira de Adão! Não me cheguem com Eva nem maça… Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Vocês dois são hilários!!! ‘Tô encabulado com toda essa ideia de mar, mas ‘tô rindo muito!!!
Salve, salve, Mirian Ayres no Caw Dialógos! Boa noite a todos! Essa questão do politicamente correto é realmente uma chatice. Vivemos uma onda de patrulha ideológica insuportável. Também pudera, o dano moral está na crista da onda, quando se fala aquilo que a sociedade brasileira, tão libertina para algumas questões, apresenta-se tão pudica quando refere-se ao politicamente correto. E essa onda começa desde a mais tenra idade. Para aqueles, que já ultrapassaram três décadas de vida e que na infância brincaram ao som de brincadeiras, aparentemente inocentes, pasmem, pois não podemos mais “atirar o pau no gato”, “samba lelê não pode ficar mais doente, para levar umas boas palmadas”, “o cravo não pode brigar mais com a Rosa” e por ai vai… Os cegos são deficientes visuais, os negros são afrodescendentes, os branquelos são caucasianos, os velhinhos agora são da melhor idade e nem pensar em falar que determinada pessoa mora na favela. É comunidade! Ah, você não tem uma empregada doméstica. É secretária! Por que isso? As pessoas são melhores com tanto patrulhamento? As respostas estão a nossa volta. O pior é que o judiciário acaba tutelando das situações da mais inusitadas. Confesso que gostaria de ser mais ácido em alguns exemplos, mas acabo de reparar que a patrulha já me alcançou. Perdeu a graça!