Um Trançado Simples e Formoso
Fios soltos e sedosos, reunidos em feixes bem trabalhados. Nada frouxo, nada apertado, vai surgindo o penteado. Lançado para um lado, trazido para outro, camadas por cima, tramas vindas sob o todo. Cuidado e um laço arrematam o trabalho. Harmonia respeitosa reflete a beleza do trançado.
Há pouco mais de dois meses surgia o Caw Diálogos, com a pretensão de inovar na construção de um lugar, na amplidão infinita da Web, reservado a debates sobre temas atuais e de antanho, com um olhar jurídico que pudesse se expandir em 360º.
Ainda é cedo para dizer se atingiu sua meta ou afirmar que se arrasta frustrado. O que nos limitamos a falar é sobre o seu vistoso penteado! As ideias são trançadas em diálogos abertos, em fluxo e refluxo de pensamentos levados de um ponto e ressurgidos noutro, entretendo a atenção mesmo de quem não queira porfiar com suas opiniões.
Os dois meses foram concluídos no dia 16 de agosto, último sábado, encerrando uma semana em que a face da internet se pareceu com uma carranca. O falecimento de Robin Williams e Eduardo Campos teve um tratamento desumano em diversas comunidades virtuais. O fenômeno diário e incessante da morte tem, hoje, a concorrência minutaria e infrene das redes sociais, com sua irreverência, bajulação, decadência e especulação. Não vemos apenas desastres nas plataformas de relacionamento, mas na última semana seus deslizes se adiantaram a seus triunfos.
Quando se discutia sobre vida e morte nos diálogos propostos pela matéria “Abortem o Aborto?”, eis que se tornou conhecida a queda do avião que transportava Eduardo Campos e sua comitiva de campanha eleitoral. E no deserto de insensibilidade e comentários aleatórios em que se fez a internet, o Caw Diálogos se portou como um oásis, mesmo havendo tocado no assunto.
Pudemos então contemplar a harmonia respeitosa do trançado!
Verdade, DM.
Aliás, sobre a questão do Eduardo Campos, é de se registrar a quantidade de gente que fez selfie ao lado de seu caixão.
E sobre Robin Williams, ninguém comentou sobre a falta de sensibilidade dele, ao afirmar que o Brasil levara cocaína e prostitutas para corromper os árbitros quando da eleição do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2106.
Fernando: sabe qual é grande de problema do brasileiro? Não se impõe. Não procura o respeito. O Brasil continua sendo um terreno fértil para piadas, ainda que de mau gosto. É lamentável? É. só que vivemos essa realidade.
Pois, caro D. Menezes. São as faces do bem e do mal. As tragédias parecem seduzir as pessoas. Alguns filófosos, como Maquiavél, Mostesquieu e, depois, Rousseau, cada um com as suas palavras, diziam, em linhas gerais, que a virtuosidade do ser humano vem do medo. O medo das punições, terrenas e divinas. Tirando esses dois elementos, o ser humano é ruim. Sugiro, então, que continuemos discutindo muito aqui na CAWdialogos. Parabéns ao diálogo. Parabéns ao nosso articulista D. Menezes.
D. M, você existe? Que brilhante a sua comparação! E a foto?! Aliás, essas fotos são muito bem escolhidas. Gosto demais! Espaço de ideias que dançam. Trançado de ideias! A rede é feita de muitos trançados. A internet é a rede dos laços infinitezimais, não é, caro D. M? (foi assim que começamos…rs). Estamos cada vez mais conectados uns aos outros e mesmo assim ainda existem muitos solitários em busca de atenção tentando encontrá-la em meio a toda essa suposta “conexão”. Tentam usar as redes “sociais” (ou anti-sociais, muitas vezes). Temos visto muita bizarrice. Selfie ao lado do caixão é o mais alto registro da falta de noção que se tornou epidemia mundial. A CawDiálogos é um oásis no meio desse deserto de conhecimentos e sentimentos que o mundo experimenta hoje. Vou fazer uma trança!
Brilliant, Andressa. Você e o D. Menezes batem um bolão. Continuem ajeitando essas tranças. Cabelos longos escondem a nossa cara.
É verdade, Andressa! Começamos no infinitesimal… Que esse trançado nos leve às alturas, subindo pelos cabelos de uma Rapunzel sem igual, debruçada na janela sideral aberta por uma aurora boreal!
Barroco, D Menezes.
A ideia não foi esta!
Minha linguagem é modesta!
Mas se lhe agrada, J. A., faço festa!
Caro D. Menezes, modesta? Sua linguagem encanta. Passeias por todos os períodos da história da literatura, com total desenvoltura. Forte abraço.
Trançado… conexão… harmonia… oásis…Caro D Menezes: Que texto leve, sutil, abrangente e tocante. A impressão que tenho que você trata as palavras como pérolas e vai formando um colar. As referências aos eventos que tiveram os holofotes da mídia, na última semana, é o retrato do que efetivamente “bomba” na rede. Entretanto, veja você como essas notícias, da forma como tratadas, são efêmeras. As referências já não ostentam o topo dos tweets e as notas de primeira página estão rareando. Está ficando no passado, rapidamente. Agora, você foi perfeito ao tratar o Cawdialogos como oásis em meio ao deserto das “insensibilidades e comentários aleatórios”. E o exercício dessa proposta não é temporário, é para todo sempre perene. Parabéns a todos: criadores, colunistas, debatedores e leitores curiosos.
Resumindo, num apanhado geral: sigamos cawdialogando!
Acho mais que natural que as pessoas publiquem imagens e vídeos de mau gosto na internet. Os perfis diversos são extensões de personalidades diversas. As pessoas compartilham o que lhes convém e, ainda que seja de bom gosto, nunca agradará a todos. De Todo modo, não se pode esquecer que na internet o que conta não é a opinião de quem viu, mas sim o número de pessoas que viram. Bloquear, excluir e ignorar são ferramentas úteis para fomentar a produção e divulgação do melhor em qualquer meio, sobretudo no virtual.
Perfeito, Arthur. Concordo com você.
Benvindo à CAW Diálogos.
Belas ponderações, Arthur! Seja muito bem-vindo!
A desobediência civil, teorizada por Henry David Thoreau, romanceada por Leon Tolstoi e vivenciada com brio inaudito por Mahatma Gandhi, foi a solução jurídico-política de paz e transformação para enfrentar os descalabros de leis e governos.
Para superar a alienação e pandemia causadas pela massificação dos costumes modernos, é necessário uma postura dessa mesma grandeza.
O desafio é ainda maior, pois o verdadeiro alvo não se vê e para os demais o alvo é você!