Já falamos sobre o aborto aqui na Cawdiálogos, mas quero voltar a usar esse tema, ainda que indiretamente.
Ponho a política no meio.
Ponho as eleições na jogada.
Ponho as perguntas idiotas que jornalistas idiotas fazem aos candidatos idiotas (perdoem o meu mau humor).
Falo das perguntas feitas de má fé ou por pura ignorância.
Uma delas, por exemplo, é exatamente sobre o aborto.
O jornalista ou o outro candidato, em um debate, pergunta qual é a posição do sabatinado sobre o aborto.
Ponho o exemplo das eleições para Presidente da República.
Alguém formula essa pergunta a um dos candidatos, e esse infeliz, por sua vez, morde a isca e responde.
Geralmente fica em cima do muro para não se comprometer com os religiosos ou com os modernos.
O candidato não percebe que a posição dele sobre o assunto não interessa.
Não percebe que o que ele acha sobre o aborto não vai interferir no dever dele como Presidente da República.
Ele não percebe que, independentemente de ser contra ou a favor do aborto, o Presidente da República é apenas um síndico e deve seguir a orientação dos condôminos, da sociedade, da maioria.
O Presidente da República tem a função de cuidar das áreas comuns do condomínio, de cuidar da infraestrutura, de cuidar de tudo o que interessa ao bem comum, e não definir se o aborto pode ou não pode.
Isso não é e não vai ser papel dele.
Ele não é o dono do País e da vontade da sociedade.
Ele não é o dono da boa moral e dos bons costumes.
O Presidente da República não recebe mandato para decidir o que é “certo” e o que é “errado”.
Vivemos numa democracia.
Temos o Poder Legislativo e temos o Poder Judiciário.
O Presidente não apita nada (sic).
E por que, então, gente escolada formula esse tipo de pergunta?
Por que candidatos sem o vício do populismo não respondem a verdade?
Perguntas como essa têm aos montes.
O mesmo acontece com o tema da liberação das drogas.
Alguém aí acredita nas respostas dos candidatos.
É tudo mentira, né?