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Os jogos de premonição e as aventuras de adivinhação desfilam nos noticiários quando o ano velho chega ao fim e quando ainda se abrem os primeiros raios solares do ano nascente. Não se enganem: eles não são brincadeira. Tendências, índices e estatísticas, previsões, riscos e estimativas não são obra de numerólogos, nem invenções cabalísticas. Os algarismos ora se alteram para cima ora se encaminham para baixo; ora alvejam o PIB, ora tratam da inflação; elaboram percentuais para taxas de juros, ranqueiam o mundo à vista de taxas sociais; mas, invariavelmente, há uma mensagem clara sendo transmitida.

A grande arte dos ases por trás deste baralho de naipes multicoloridos é a observação e o planejamento. Há duas formas de observar: a primeira consiste em acompanhar com atenção tudo o que está à volta, definindo o que é mais precioso e as forças em atuação conjunta, notando os sinais que indicam o seu movimento, cercando de alavancas o que precisa ser suspenso ou de tatames o que há de cair. A segunda requer a análise do passado, assistindo uma retrospectiva com foco na figura central dos acontecimentos em estudo, uma espécie de vértice de onde se verá a trajetória do que passou, atingindo e ameaçando a câmera imaginária, ou transcorrendo ao longe, com nenhuma ou pouca importância para o que miramos.

De um jeito ou de outro, observar exige organização e disciplina. Seu aprimoramento depende de um exercício de seleção e do estabelecimento de prioridades. Pode parecer difuso, pois se estaria a monitorar da política ao esporte, da cultura pop ao que a economia põe sob enfoque. Porém, existe uma bússola individual, ajustada aos objetivos que anteriormente cada um terá de reconhecer ou criar, que dirá o que se deve conhecer de superfície ou profundamente, em tudo o que pelos olhos passar. É um sonar que, além de localizar a direção em que seguimos, também representa o quanto fundo ou raso nos encontramos e os fatos em rota de colisão.

Já o planejamento é a teoria da observação aplicada; a prática desenvolvida com os estudos da história — com a inicial minúscula mesmo. Ou ainda a projeção do futuro a partir do passado. Se houver um grau de observação comparável à fanfarronice de uma donzela que prende e solta borboletas, deliciando-se com o frescor da brisa e cantarolando com os pássaros, sem perceber que se diverte nas proximidades de um desfiladeiro, tenham certeza que o planejamento equivalente é como o acionamento do piloto automático de uma aeronave durante a travessia de tempestade furiosa; ou, para os que curtem pagode, um planejamento no estilo “deixa a vida me levar”.

Planejar é uma ação contundente, exercida sobre a própria existência e sobre o que está sob nosso domínio, na articulação de elementos fundamentais e secundários dentro do contexto de uma estratégia meticulosamente traçada, visando ao cumprimento das metas firmadas. A antecipação dos fatos, delineando a atitude necessária o bastante para concretizá-los, nasce com a observação e flui por todos os poros, até que haja a realização do que os indicadores não previam.

Os prognósticos costumam ser realistas e suas curvas ascendentes e descendentes retratam, por números e métodos de relativa confiabilidade, os fatores que dificultarão o desempenho de uma nação, de uma região, de uma empresa ou de qualquer cidadão. Desenha-se uma montanha quando a realidade está em observação; e ela assim o é. Todavia, planejar relaciona-se a conceber planos, o que nos leva a inferir que sua função primordial é, sobretudo, desbastar montes, combater aclives e declives, reduzir esforço, tornar plano; é, enfim, planificar.

Ainda que sejam apontados caminhos sofríveis, íngremes, a vida nos presenteia de minuto em minuto com lições valiosíssimas. Podemos aproveitá-las de imediato, absorvendo-as e tingindo nosso dia de um colorido especial. É a lição-besouro; muda de cor sob a incidência da luz e resiste por 24 horas — ou até que alguém a esmague.

Ainda temos chance de apalpar o corpo ou extrair da consciência a descoberta de que estamos crescidos, melhor alimentados e mais fortes em comparação com o que fomos ou já vivenciamos. Trata-se da lição-retrovisor; um espelho que reflete o que passamos ou vimos passar.

Há também a oportunidade única de eternizarmos cada momento, que, por uma observação sensata, revelará nossos talentos e fraquezas. Ao invés de serem qualidades ou deficiências, são, a rigor, nossas potências, cuja energia devemos sopesar, equalizando baixos e graves, recriando destinos a partir de uma frequência constante — afinal, a beleza está nos suaves contrastes entre a luz e a sombra. Eis a lição-irradiação; os efeitos do aprendizado são contínuos, se propagam em todas as direções e desafiam o tempo, bastando que sejam incorporados ao planejamento.

São infinitas as lições semeadas pelo tempo e incontáveis as interpretações possíveis… O que definitivamente não se admite é ignorá-las. Desprezar os recados da vida é, em si, a sinalização de imaturidade, imprudência, irresponsabilidade e incompetência. Uma brincadeira. E com fogo.

Curiosidades

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