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Olhe para a foto que ilustra o artigo e responda sem pensar. Você é a favor ou contra o aborto?

Um tema que continua sempre atual e insolúvel no Brasil: aborto. Eu não tenho uma resposta. Eu poderia até ter várias respostas, mas uma apenas, não. Tenho mais dúvidas e perguntas, portanto. Então, aos que gostariam de ouvir algo novo – talvez uma opinião mais fresca e apocalíptica sobre o assunto – sugiro que leiam outro artigo. Trago apenas mais polêmica.

O aborto é legalizado nos EUA, país mais democrático do mundo, há mais de quarenta anos. Um país multicultural, mas que tem em sua maioria, mais de 80%, uma população cristã.

A história do aborto nos EUA surgiu em 1970, quando duas advogadas, recém graduadas, abriram um processo no Estado do Texas, representando Norma L. McCorvey, conhecida pelo apelido de “Jane Roe”. A senhora McCorvey dizia que a sua gravidez era fruto de um estupro. Entre discussões e mais discussões, correndo nas menores esferas jurídicas, o caso acabou indo parar na Suprema Corte Americana. Em 1973, a Corte Maior decidiu que a mulher, assegurado o seu direito à privacidade, sob a cláusula do devido processo legal, invocando a décima quarta emenda; – podia decidir por si mesma a continuidade ou não da gravidez. A privacidade, segundo a Constituição americana, é um direito fundamental, sob a sua proteção. Ninguém, em estado nenhum, poderia legislar contra esse sagrado direito. A autora da ação teve o filho no curso da ação e o deu para a adoção.

Hoje, apesar do tempo, a questão ainda continua muito polêmica. Alguns Estados, de maioria republicana, ainda lutam contra o aborto.

E é por isso que religião e lei não se misturam. Esse, talvez, seja um dos maiores exemplos. E por que estou dizendo isso? Por uma razão muito simples. A Igreja defende que é na concepção que forma um novo indivíduo. E, cientificamente falando, é no momento em que existe a fecundação. Espermatozóide e óvulo, juntos e unidos definitivamente, criam um novo código genético. E não há Padre que defenda o contrário.

Estabelecer para qualquer ser, crente ou descrente, quando se tem início à vida, é algo absolutamente difícil. Poucos querem enfrentar essa questão. Poucos se aventuram a navegar por esses mares revoltos da vida humana.

Interromper uma gravidez deve ser considerado um crime punível ou um direito universal?

Mas aqui, nesse terreno dos dilemas éticos e morais, não há como não nos confrontarmos com lados diametralmente opostos. Falo da fé e da ciência.

Pesquisas com alguns embriões, por exemplo, “poderiam” nos fornecer a cura para as mais temidas e mortíferas doenças do mundo.

Não há dúvidas, para a ciência, que o feto é humano. O desafio é definir ou decidir, contudo, quando o feto se torna uma pessoa com direitos. E não será a ciência, vejam aí o tamanho da polêmica, que vai meter a mão nessa casa de marimbondos.

Portanto, encontrar respostas na biologia, nem pensar, pois é justamente no campo científico em que a polêmica é maior ainda.

O que nos parece um grande paradoxo, entretanto, é que muitos religiosos buscam seus maiores argumentos contra o aborto na própria ciência.

As teses, das mais lúcidas, às mais loucas, são muitas e habitam um campo inesgotável de discussões.

O tema é tão complexo que alguns dos maiores pensadores olham para esse enigma social através de outro ângulo. Questionam-se (esses corajosos pensadores), não exatamente quando a vida começa, mas se todos os estágios da vida humana devem ser igualmente valorizados.

Uma posição absolutamente contrária, carregada de extrema polêmica, é fortemente defendida pelo filósofo americano Peter Singer. Segundo o pensador, o que dá valor intrínseco à vida é a autoconsciência do indivíduo. Assim, seria moralmente aceitável não só o aborto, mas também o sacrifício de bebês que nasçam debilitados ou com poucas chances de sobreviver. “O fato de ser um humano não significa que seja errado tirar sua vida”, escreve Singer no livro Rethinking Life and Death (“Repensando Vida e Morte”, inédito no Brasil). “Matar um recém-nascido não é, sob hipótese alguma, equivalente a matar um adulto – que quer conscientemente continuar vivendo”.

 

Algumas perguntas não deixam meus pensamentos: Quando o feto é considerado um ser humano? O que é feito com o “lixo” hospitalar? O aborto deixa sequelas eternas para a mulher?

 

E imaginar que tudo começou com “Eugenia”.

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