Qual não foi a nossa surpresa ao nos depararmos, ontem, com o doodle do Google em comemoração ao 175º aniversário de Ernesto Carneiro Ribeiro! Em recente post, havíamos rendido uma singela homenagem àquele que foi o mestre de Ruy Barbosa, Euclides da Cunha, Rodrigues Lima, Castro Alves. Coincidências acontecem aos montes, a cada instante. Todavia, o que nos deixa por demais cismados, intrigados, desconfiados são as razões não ditas que levam a imponente multinacional a festejar importantes personalidades locais, muitas vezes desconhecidas de seus próprios conterrâneos…
Certamente, tal espécie de cisma é fruto de uma intuitiva teoria da conspiração. A primeira resposta que nos apressamos a dar desvendaria uma estratégia de infiltração nas culturas nacionais, enaltecendo seus valores, costumes e símbolos, gerando um clima de empatia e facilitando a tarefa da globalização. Não haveria, em si, nenhum mérito na perversa estratégia de dominação, dissolvendo as resistências mais ferrenhas, amolecendo os mais exasperados nacionalistas.
O doodle em questão desmentiria os detratores da globalização. Seria uma gentil e graciosa reação aos que protestam contra o processo de integração dos povos, taxando-o de cruel exterminador das singularidades culturais.
Tratar-se-ia, então, de uma trapaça de Kansas City, como diria um amigo. Um drible desconcertante.
É uma hipótese plausível. Ainda assim, permanecemos cismados, intrigados, desconfiados…
Não somos do tipo que se sacia com migalhas ou favores; mas, onde o Estado não se faz presente para cultuar os grandes nomes e heróis da sua história, celebrando apenas os políticos do momento, Google, doodles, globalization trazem indisfarçáveis benefícios a quem anda desinformado, desesperançado, descartado…